Funcionários se tornam voluntários para implante de chip RFID

Uma empresa americana do estado de Wisconsin, a Three Square Market (32M) está disponibilizando implantes de chips RFID gratuitamente a qualquer funcionário interessado e ao que tudo indica, muitos estão.

Cerca de 50 funcionários se voluntariaram para receber o implante subcutâneo entre o polegar e o dedo indicador, num procedimento similar ao da imagem abaixo. O objetivo da 32M é despontar como referência de tecnologia, uma vez que a empresa se destaca como líder no segmento de desenvolvimento de soluções para micromercados e o RFID promete muitos avanços neste sentido. Inicialmente o chip implantado irá permitir que os funcionários abram portas, efetuem login nos computadores da empresa, desbloqueiem os celulares, realizem pagamentos em terminais como da imagem abaixo e até armazenem informações médicas do portador.

A empresa responsável pela “Festa do Implante”, nome dado para marcar a data dos implantes voluntários, que deverá acontecer em 1º de Agosto deste ano, será a BioHax, que ficou mundialmente conhecida por realizar o experimento em uma empresa sueca chamada Epicenter em 2015, que possui hoje cerca de 150 empregados “chipados”.

Mas esse procedimento é seguro?

Essa é uma tendência cada vez mais crescente, mas todo este entusiasmo precisa ser contido em certo grau para que questões relacionadas à segurança sejam devidamente exploradas. Dos diversos artigos que divulgaram notícias como esta da 32M, poucos foram aqueles que trouxeram ao debate situações adversas sobre como a empresa e o empregado devem proceder em caso de demissão de um colaborador, por exemplo. O chip é retirado com algum procedimento clínico, como microcirurgia? Ou o chip permanece na pele da pessoa, mas é desativado pelo empregador? Uma vez desativado, ele pode ser reaproveitado ou é completamente inutilizado? Se é inutilizado, então será necessário realizar uma intervenção cirúrgica a cada novo emprego? De quem é a responsabilidade por estas ações? Vejam quantos pontos que precisam ser discutidos abordando uma série de riscos médicos e questões legais bastante controversas.

Ainda podemos especular sobre outros aspectos de segurança. Por exemplo, como a BioHax e seus clientes tratarão os dados armazenados e transmitidos por estes chips a uma infinidade de dispositivos e quais os critérios de segurança que garantem a proteção física do usuário e de todos os seus dados? Fora questões que poderemos descobrir a longo prazo, pois ainda não há unanimidade sobre quais as consequências destes implantes para o corpo humano, só para citar um exemplo.

Estamos vivenciando o “boom” da Internet das Coisas (IoT), com o despejo de milhares de dispositivos conectados para atender as mais diferentes necessidades do mercado, mas quase todas com graves vulnerabilidades de segurança que já estão sendo exploradas para os mais variados fins e se olharmos para trás, veremos que o conceito de IoT não é assim tão novo para ainda estar sujeito a tantas falhas. Imagine então como a segurança é tratada nestes novos produtos que exploram o conceito de biotecnologia ou mesmo o conceito de wearables (roupas inteligentes) que está caminhando para se tornar a próxima moda de consumo. A preocupação da maior parte dos desenvolvedores deste tipo de solução está na disponibilidade do produto o quanto antes aos seus consumidores e nessa corrida, segurança não é ainda o aspecto mais relevante para as vendas.

 

Fontes consultadas: PRLog / 32M

Imagens: PRLog / 32M / Flickr

Texto: Roberto Henrique – Analista de Seg. da Informação – ABCTec