Empresas prestadoras de serviços de TI e Comunicação e fornecedoras de softwares, incluindo contratos de suporte técnico à toda infraestrutura crítica de servidores que operam ambientes como Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) e mainframes responsáveis pelo processo do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), entre outros estão suspendendo os seus atendimentos, diante de atrasos de pagamentos que em alguns casos chegam a 300 dias, com cifras que ultrapassam a casa dos 200 milhões de Reais.
É o que revela a recente reportagem do Jornal O Globo (26/03/16), que apurou um conjunto de ofícios com a informação de empresas como IBM, Oracle entre outras que alegam impossibilidade de continuar fornecendo suporte técnico sem a regularização de ao menos parte da dívida da Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados).
De acordo com informações passadas por técnicos da autarquia ao jornal, os mainframes já estão operando no seu limite e o ambiente corre risco de não conseguir manter a disponibilidade do serviço durante os dias que antecedem o prazo final de entrega do IRPF, que normalmente recebe uma maior carga de dados para processamento. E o risco não está somente associado à uma possível falta de disponibilidade, mas a real possibilidade de exploração de vulnerabilidades por falta de atualizações dos sistemas que podem comprometer a integridade e a confidencialidade das informações.
Nós como cidadãos, devemos ficar preocupados com esse cenário, ainda mais quando notamos a posição oficial da autarquia, publicadas em nota ao jornal: “A empresa reforça que reconhece a importância dos seus fornecedores mas assegura que possui profissionais competentes, que garantem a segurança de todos os ambientes tecnológicos, bem como o funcionamento de todos os seus sistemas”. Veja, que ao invés de reconhecer a gravidade da situação que pode comprometer o serviços públicos que dependem dessa infraestrutura, os responsáveis reforçam a postura de assumir o risco de administrar o complexo ambiente sem o apoio de seus fornecedores especializados.
É notório que há excelentes profissionais envolvidos nas áreas de Tecnologia e Segurança das Informações na Serpro e em outras empresas ligadas ao governo, mas também sabemos das enormes dificuldades que estes setores passam por estarem diretamente envolvidos com questões políticas e interesses particulares de determinados grupos que afetam diretamente sua eficiência na entrega dos serviços aos cidadãos e não há como negar que o Brasil é alvo de todo o tipo de cibercriminosos, ainda mais no atual momento de instabilidade política e econômica, sem falar na alta visibilidade em consequência das Olimpíadas. É “não pagar” pra ver.
Fontes consultadas: O Globo
Imagens: Serpro (logotipo)
Texto: Roberto Henrique – Analista de Seg. da Informação – ABCTec