Educação e Cidadania Digital é o caminho mais seguro

Estivemos presentes no I Congresso de Educação e Cidadania Digital, realizado em meados de setembro e organizado pela FIESP, onde foram abordados temas importantes e que estão totalmente alinhados aos trabalhos de conscientização sobre o uso da internet, com especial destaque para as mídias sociais, que hoje fazem parte da vida pessoal e profissional de grande parte dos usuários no mundo.

Educadores, advogados, peritos forense, psicólogos, pediatras, jornalistas e profissionais de outras áreas estiveram no evento debatendo os diferentes pontos de vistas sobre a presença cada vez mais constante de inúmeras tecnologias e seus impactos na nossa sociedade. Claramente o que se viu foi uma forte preocupação com os rumos que estão sendo tomados, caso não comecemos a repensar a forma como lhe damos com todos estes recursos.

Entre os debates, destaque para aspectos relacionados à dependência digital, que atinge muitas crianças e adolescentes, mas que também já afeta a vida de usuários de outras faixas de idade, com um detalhe curioso, independentemente da classe social, gênero ou localidade, o uso intensivo da internet está ocorrendo em toda a sociedade brasileira. Chamou a atenção os dados apresentados pelo psicólogo e coordenador do Núcleo de Dependências Tecnológicas do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do Hospital das Clínicas, que estuda saúde mental a mais de 30 anos, relatando casos em que adolescentes passaram mais de 40 horas conectados, trocando literalmente a vida real, pela sedução dos conteúdos digitais.

Representante da UNICEF demonstrou estimativas de que cerca de 80%  de crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos estão conectados à rede, algo em torno de 23 milhões de usuários. Preocupações com o acesso à tecnologia de forma cada vez mais prematura ainda dividem opiniões de pesquisadores, quanto ao desenvolvimento saudável dessas crianças.

Mas a apresentação da médica pediatra e coordenadora da Rede Esse Mundo Digital, Evelyn Eisenstein deixou todos atônitos e perplexos diante dos sérios impactos com evidências de estudos científicos que comprovam uma série de transtornos à vida de crianças e adolescentes que ficam expostos de forma excessiva a diversos tipos de tecnologia. Entre os problemas comprovados temos a interferência no sono, hiperatividade, medo e estimulo a comportamento violento, dependendo do grau de uso e do tipo de conteúdo ao qual ela é exposta.

Cyberbullying também teve destaque, especialmente sobre o papel que escolas, clubes e agremiações, sejam públicas ou privadas que devem agora observar a legislação, que obriga cada uma dessas entidades a prevenirem e combaterem o bullying, seja no mundo real ou no mundo virtual, principalmente no uso indevido de mídias sociais para tal prática. As instituições e entidades que não comprovarem a realização de trabalhos de capacitação de funcionários e projetos de conscientização entre seus frequentadores, estarão sujeitos à penalidades de acordo com a lei 13.185, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) e que está em vigor desde 6 de novembro de 2015.

Também foram temas de debates a pornografia infantil, crime online com maior incidência no Brasil, segundo dados da Safernet e a série de desafios, brincadeiras perigosas, mas que são facilmente disseminadas e praticadas por jovens, que se colocam em risco de vida muitas vezes, afetando não somente seu bem estar, mas de toda a família, conforme reforçou a psicoterapeuta e representante do Instituto Dimicuida, Fabiana Vasconcelos.

Mas se pudermos resumir a principal mensagem deste congresso, é que cada vez mais precisamos no reeducar, para ter acesso seguro a este mundo de possibilidades que a internet e toda a tecnologia associada a ela nos permitem. Por isso, todos nós devemos incentivar a criação de conteúdo nas escolas que abordem temas relacionados à segurança da informação ou segurança cibernética, para que conceitos triviais sejam passados desde cedo às crianças e adolescentes, que logo estarão também presentes no mercado de trabalho e que cada organização comece a disseminar programas de conscientização junto aos seus colaboradores. Todos somos responsáveis em adotar e divulgar este tipo de conteúdo.

 

Fontes consultadas:  FIESP / ABCTec

Imagens/Vídeos: FIESP / ABCTec

Texto: Roberto Henrique – Analista de Seg. da Informação – ABCTec