Mikko Hypponen, caçador de hackers da F-Secure e as eleições

“Meu nome é Mikko, e eu caço hackers. Isso é o meu trabalho: eu caço hackers e eu venho fazendo isso há 25 anos.” É assim que o Diretor do Departamento de Pesquisa da F-Secure, empresa de segurança cibernética localizada na Finlândia, iniciou sua apresentação na Web Summit, uma famosa conferência de tecnologia que estreou em terras portuguesas com sua nova edição em Lisboa.

E logo em seu primeiro slide, o especialista apresenta o título de sua palestra Hackers e as Eleições com a figura de Vladimir Putin ao lado, justamente para colocar em debate o interesse cada vez maior de governos em adquirir capacitação tecnológica para interferir em questões políticas dentro e fora das fronteiras de seus países.

hackers_eleicoes_americanas“O que aconteceu com as eleições? Houve fraude na votação por influência dos hackers? Não penso que o governo russo tenha hackeado a eleição, mas acho que eles tentaram”, disse Mikko durante sua palestra com base na análise do malware que afetou os computadores do Partido Democrata e que expuseram milhares de e-mails polêmicos da candidata derrotada, Hillary Clinton e de seus assessores, o que de certa forma pode ter influenciado na vitória de Donald Trump à Casa Branca. De acordo com o especialista, há rastros que apontam até a Rússia, embora não seja possível afirmar o envolvimento direto do governo na ação.

Disse ainda Hyppönen: “Nada é impenetrável, nem as instituições, tudo é feito de software”. Ele ainda deixa claro que hoje todas as empresas acabam se tornando uma empresa de software, independente do seu setor de mercado, isso devido a grande dependência que todo o tipo de negócio possui com sistemas de informação e nenhuma aplicação pode ser considerada 100% segura, com alguns acreditam.

Voltando ao tema das eleições americanas, Hyppönen alerta sobre o risco de permitir que votos sejam realizados via Internet, como acontece hoje por exemplo com alguns soldados americanos. “A votação pela internet é uma ideia má, não aprovo a ideia de ir online para votar. É como resolver um problema que não existe”, defendendo fortemente a restrição do uso da Internet para agilizar o processo eleitoral, nos EUA ou em qualquer parte do mundo, isso porque hoje não podemos ter a visão de hackers como adolescentes em busca de notoriedade na rede, por puro divertimento e sim estados e nações em busca de seus interesses que afetam toda a política global com suas intervenções no ciberespaço.

 

Fontes consultadas: Jornal de Negócios / Sapotek

Imagens: F-Secure

Texto: Roberto Henrique – Analista de Seg. da Informação – ABCTec