Proibir ou liberar? Pokémon Go no trabalho

Agora com o anúncio da liberação oficial aqui no país do Pokémon Go, um dos jogos mais instalados em celulares em todo o mundo, começam as previsões e especulações sobre os impactos que essa febre deve causar nos usuários brasileiros e baseado no que temos visto ao redor do mundo nas últimas semanas, é de se esperar muito barulho nos próximos dias.

Diversos incidentes foram registrados com usuários deste App, alguns inusitados como trombadas em postes, paralisação do trânsito em cidades como Nova York, compartilhamento de “nudes”, etc.  Mas também ocorreram outros graves como acidentes de carros, assaltos, invasão de propriedades particulares e governamentais e tantos outros bizarros que chamam a atenção até daqueles que não se interessam pelo jogo.

Além destes casos que ganharam grande repercussão na mídia, há outros problemas que podem surgir, especialmente relacionados ao ambiente de trabalho.

Ficou evidente em diversas matérias jornalísticas e em publicações nas redes sociais que muitos usuários perderam completamente a noção de tempo e de controle de seu comportamento, passando horas com a cabeça inclinada para o visor do celular, com as mãos e a mente direcionadas para um único objetivo: caçar Pokémons, onde quer que eles estejam.

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E é claro que algumas pessoas não saberão como dosar o uso do aplicativo dentro do seu período de trabalho, quer seja dentro das dependências da empresa, se deslocando pelas ruas ou em um home office. Esse tipo de problema já existe muito antes do Pokémon Go, mas este novo jogo irá potencializar casos de perda de produtividade, ainda mais em ambientes onde não há restrições de uso de dispositivos móveis, que permitem a conexão sem restrição nas redes wireless do ambiente.

E falando em dispositivos móveis, como controlar a instalação do jogo em celulares e tablets corporativos, fornecidos pela empresa exclusivamente para realizar as atividades de trabalho. Poucas organizações adotam o Gerenciamento de Dispositivos Móveis, mais conhecido no mercado como soluções MDM (Mobile Device Management), muitas se quer instalam softwares antivírus nestes equipamentos, tendo apenas como “controle” um Termo de Responsabilidade assinado pelo funcionário com alguma cláusula onde ele se compromete a não fazer uso recreativo ou realizar a instalação de aplicativos que não possuam relação com o negócio.

pokemon-ruasOutro ponto importante é a questão da privacidade, ainda mais se o dispositivo onde o jogo estiver instalado possuir informações relacionadas com as atividades da empresa. Há um volume de permissões solicitadas pelo App para poder funcionar corretamente, incluindo acesso a contas do aparelho, contatos, GPS, câmera, dados de armazenamento USB, entre outros aspectos relacionados com as conexões de rede e tudo isso respaldado por uma Política de Privacidade que pode ser alterada a critério do fabricante em qualquer momento.

É claro que muitas organizações adotam posturas mais liberais, dando foco na entrega de resultados, permitindo uma maior autonomia aos seus funcionários e colaboradores, mas é importante que determinados acordos sejam formalizados quanto ao uso dos dispositivos móveis, sejam eles fornecidos pela empresa ou no modelo BYOD, que contenham informações relacionadas ao negócio, pois por mais que a tecnologia avance dentro das organizações, as relações trabalhistas e os aspectos jurídicos ainda caminham com base em regras antigas que acabam em muitos casos colocando empresários em situações desfavoráveis quando ocorrem uso indevido dos ativos por parte dos funcionários e colaboradores.

Ainda há outros aspectos que podem ser debatidos sobre os impactos que tal sensação poderá causar em um curto espaço de tempo, mas o problema é muito mais abrangente do que o jogo em si. A questão maior e mais preocupante é sobre o comportamento dos usuários diante de qualquer novidade tecnológica, em que ações são tomadas por impulso sem avaliar as consequências a longo prazo e isso sim é o maior risco pela qual todos nós estamos passando na vida pessoal e profissional. Com certeza o que estamos vendo com o Pokémon Go é só o começo.

Fontes consultadas: Tudo Celular / G1 / SapoTek

Imagens: Pixbay / LifeHacker

Texto: Roberto Henrique – Analista de Seg. da Informação – ABCTec